Após prejuízo, doceira mobiliza rede social para vender 5 mil trufas em Poços de Caldas
terça-feira, 21 de maio de 2013Para dar conta de vender as 5 mil trufas encomendadas para um casamento e recusadas na hora da entrega, a dona de casa e doceira Estefânia Aparecida Moreira, de 44 anos, resolveu pedir ajuda pelo Facebook: uma postagem acompanhada de fotos rendeu milhares de compartilhamentos e a venda rápida dos chocolates na cidade de Poços de Caldas que ocupavam três geladeiras e seriam entregues no sábado (18).
Em pouco mais de 24 horas, mais de 2,5 mil chocolates foram comprados por internautas que, sensibilizados com a mensagem na rede social, resolveram ajudar a dona de casa, como a estudante Aline Graziele Firmino, de 24 anos, que fez uma campanha na instituição em que trabalha e comprou, de uma só vez, um pacote com 200 bombons. “Só entre os funcionários eu consegui arrecadar o dinheiro para comprar 170 trufas, mas arrisquei pegar um pacote com 200 e as vendi rapidamente. São uma delícia e quando fui comprar, a Marrom me contou a história da vida dela, que é bem emocionante e isso me fez querer ajudar ainda mais”, disse.
E foi justamente a história de vida da doceira que comoveu ainda mais os internautas e fez com que ela conquistasse novos clientes. Mãe de sete filhos – cinco adotivos – a doceira teve um câncer no pescoço e dois Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs), mas com a notícia de que a encomenda das trufas não seria entregue teve uma paralisia facial e precisou ser atendida na Policlínica da cidade Poços de Caldas. Para sustentar os filhos, a dona de casa faz bombons por encomenda e também ovos durante a Páscoa, mas o ‘calote’, como ela se refere, a desestruturou.
“Eu já havia feito outras encomendas para esta cliente. Ela sempre me pagou em dia, sempre foi de palavra, tanto que eu nem fiz contrato. Mas, quando as trufas estavam quase prontas, eu liguei para ela e percebi que ela estava fugindo. Quando ela me disse que não queria mais os bombons eu desabei, afinal investi quase R$ 6 mil na compra de chocolates, embalagens e para pagar uma ajudante”, comentou a doceira.
O relato emocionou os compradores. “O que me chamou a atenção no Facebook foram as fotos que ela postou. A imagem da geladeira repleta de trufas e sem espaço para mais nada me chamou muita atenção, até porque, como pode alguém encomendar cinco mil trufas e não ir buscar?”, pontuou Aline.
Sobre a encomenda das trufas, a doceira não quis revelar quem fez, mas garantiu ser um casal conhecido e já ter feito outros serviços para eles antes. “Eu já tinha feito outras coisas para a pessoa, para a mãe dela e nunca imaginei que isso pudesse acontecer, tanto que não fiz qualquer tipo de contrato, mas o prejuízo foi tão grande e o pior é que todas as trufas eram do mesmo sabor. Eu investi quase R$ 6 mil para poder fazer os chocolates e quando procurei a delegacia para dizer que tinha sido vítima de um golpe, fui informada de que eu deveria ter feito um contrato. Faltou só o policial me dizer que fui burra de ter confiado”, desabafou.
Quem também acompanhou a história e ficou sensibilizada foi a administradora Cláudia Maria Cabral Cortezano. Ela não conhecia a dona de casa, mas quando soube da história, foi até a casa dela para comprar os bombons. “Eu gosto de ajudar, tenho coração e comprei as trufas. Como a conheci, mobilizei bastante gente no Facebook para que também comprem. Eu fiquei muito emocionada quando vi que a geladeira dela não tem espaço para mais nada, está repleta de trufas”, comentou.
Para Estefânia, que garante que inicialmente não queria colocar as fotos dos doces no Facebook e nem vender pela rede social, ter conseguido uma solução para tantos doces que poderiam ter sido perdidos é uma vitória. “Eu fiquei com medo de colocar no Facebook e ser ridicularizada, mas depois que meus amigos me incentivaram e eu pensei que estava agindo de boa fé, resolvi arriscar e deu certo. Fiquei muito feliz por ter conquistado essa vitória. No primeiro dia vieram mais de 30 pessoas me procurar e eu recebi até uma ligação da Suíça de uma brasileira que vive lá e queria encomendar 50 trufas”, contou.
Contudo, mesmo tendo obtido sucesso com a campanha que se tornou viral, a doceira não sabe se vai apostar no ramo ou continuar vendendo as trufas pela internet. “Ainda não sei se vou fazer, porque fiz isso em um momento de desespero e graças a Deus muita gente boa fez questão de me ajudar, mas não sei se dá para vender sempre assim”, acrescentou a doceira.
Fonte: G1