Transformar lixo em arte é o que faz a artesã de Poços de Caldas (Estado MG) Vera Lúcia Camargo. Ela anda pelas ruas da cidade de olho em caçambas, lixeiras e entulhos. Com o material antes jogado fora, ela faz peças de arte criativas, bonitas e sustentáveis para vender, e ajudar na renda da família, e também para decorar a própria casa.

Andando pelas ruas de Poços de Caldas, nada foge aos olhos da Vera. Nos lotes vagos, em todo cantinho, ela encontra algum material que pode ser útil. Reaproveitar o lixo é a especialidade dela. “Essa colher, por exemplo, que estava no lixo, é lógico que eu não vou utilizar em casa, mas eu vou utilizar no meu jardim. Eu estou encontrando uma outra maneira dela ser útil. Este vidro está inteiro, então com ele eu posso fazer uma mesa, um estante, posso cortar ele e fazer outras estantes menores. Então, jamais eu posso jogar isso aqui no lixo, porque o vidro é um material processo difícil de ser feito, vai usar material da natureza”, explica ela.

Com as peças nas mãos, hora de criar! A casa da Vera se transformou num verdadeiro ateliê. Tudo no local é reaproveitado, não têm um cômodo que passa em branco. Uma das luminárias da casa foi feita com um coador de café usado e a cúpula com uma vasilha de desinfetante. Uma outra, que fica na copa, é uma vasilha de alumínio para fazer cuscuz. Já as duas luminárias da sala foram feitas com panelas de frituras.

A ideia de reutilizar materiais começou quando Vera mobiliou a casa com muitos móveis na cidade de Poços de Caldas de madeira. Com isso, ela começou a se preocupar com sustentabilidade e como reutilizar os móveis que iam ficando gastos.

Vera é professora de arte e aproveita a criatividade para ajudar na renda da casa. Uma das coisas que faz para vender é o mosaico, utilizando sobras de pisos e azulejos. Com o material são feitas placas com números de casa, móveis e aplicações nas paredes.

Mas o xodó da Vera fica nos fundos da casa, no quintal: um jardim vertical feito de garrafas pet. No local ela plantou de tudo: hortelã, morango, avenca, samambaia. Além de bonito, ela consegue aproveitar bem o espaço. O trabalho ganhou destaque e foi parar numa revista de circulação nacional especializada em decorações. “A ideia eu peguei em um quadro do programa do Luciano Huck. E eu tirei do lixo, pra fazer esse trabalho, 84 garrafas pet. Isso que eu mais gosto”, conta Vera.

O pai marceneiro é responsável por parte dessa paixão pela reciclagem. Ele também sempre fez questão de reaproveitar tudo. “Tudo que eu acho, eu trago pra casa, e reutilizo, quando dá pra ser aproveitado. O que não eu não trago é lixo (risos)”, brinca João Batista Camargo, pai da Vera.

“É questão de enxergar ‘né’, onde todo mundo vê lixo, a gente vê reutilização. Eu acho que reciclar, reutilizar, reorganizar é o nosso futuro. Não adianta a gente querer que seja outro”, completa a artesã.

Fonte: G1